A estudante de Doutorado em Oceanografia Biológica da FURG, Ana Luzia de F. Lacerda, realizou um estudo visando avaliar a abundância, os tipos e as principais fontes de plásticos na superfície oceânica da Antártica, publicado recentemente na revista Scientifc Reports da Nature. A concentração média de plásticos foi estimada em 1.794 itens.Km-² e peso médio de 27,8 g.km-², com itens de diferentes formatos (fragmentos, linhas e esferas), tamanhos (meso e microplásticos) e composição química (ex: nylon, poliuretano e polietileno). O modelo oceanográfico de dispersão revelou que, por no mínimo sete anos, os plásticos amostrados na Antártica não foram oriundos de regiões menores de 58° de latitude sul, o que significa que os plásticos coletados neste estudo foram, predominantemente, de fontes locais (animação disponível em: Figshare_dispersal_model__plastics_in_Antarctic_/7000580). Contudo, os autores não descartam a possibilidade do transporte desses polímeros vindo de outras regiões, por meio das correntes marinhas.

Além da caracterização dos plásticos, também foram identificados os organismos que formam o biofilme na superfície desses materiais, atualmente conhecido como “Plastisfera”, já que os plásticos atuam como um substrato artificial para o desenvolvimento de comunidades aderidas e eles. Na Plastisfera Antártica foram identificadas, por exemplo, diferentes espécies de microalgas, colônias de bactérias e invertebrados.  Os autores também destacaram a contaminação por fragmentos de tinta na região, possivelmente oriundos de embarcações e aparatos náuticos, que podem ter impactos similares aos dos plásticos nos oceanos.

Foto 1: Diatomáceas encontradas na Plastifera

Foto 2: Rede manta operando para coleta de plásticos em águas marinhas superficiais no entorno de Península Antártica. Fonte: Projeto Lixo Marinho-FURG.

E-mail: analuzialacerda@gmail.com

Lacerda, Ana L. D. F., et al. "Plastics in sea surface waters around the Antarctic Peninsula." Scientific reports 9.1 (2019): 3977.